Texto de autoria de uma filiada do Templo Polímata Jundiaí, relatando as suas primeiras experiências com as medicinas dentro das nossas cerimonias. Reflexão interessante a respeito das crenças e paradigmas, no qual muitas vezes tomamos nossos pontos de vista e denominamos como realidade. Quando, talvez, a sabedoria seja a capacidade de aprender com a vida e seu movimento.
Reflexões de minha própria vivencia espiritual.
A psicologia, no campo da matéria, estuda cientificamente aquilo que é observável e palpável. Com certeza leva em consideração pensamentos e sentimentos, mas tenta ao máximo traduzi-los em dados concretos para melhor analise e conclusão realista dos resultados. Através desta posição, a ciência psicológica avançou muito com a constatação de princípios básicos que conduzem a aprendizagem de nossos comportamentos, assim como a modificação de comportamentos diversos. A aprendizagem através da seleção pelas consequências é um fato indiscutível, porém existe um padrão de respostas comportamentais pouco estudado ou estudado superficialmente chamado espiritualidade.
A maioria dos cientistas abordará o tema através da religiosidade e defenderão seu uso como ‘bengalas’ para tudo aquilo que a ciência e a mente humana ainda não conseguem explicar; outros dirão que se trata de ‘alienações coletivas’ com função de esquiva das realidades vivenciadas as quais os indivíduos não são suficientemente resilientes para enfrentar; e outros dirão ainda que se trata de um fenômeno comportamental social cuja função é em primeiro lugar para fortalecer as chances de ‘sobrevivência’ através da produção de sentimentos como a ESPERANÇA frente aos déficits sociais, e em segundo lugar como uma forma de manter a ordem social através de conjuntos de regras, valores e falsas consequências, ou seja, uma série de cadeiras de respostas que ocorrem em condição de contiguidade.
Bom,vamos ao relato pessoal... até um tempo, eu, psicóloga há 10 anos, acreditei nisso ou me forcei a acreditar, mas sempre de uma maneira inquieta, descontente, insatisfeita, pois sentia desdém pelas informações religiosas envolvendo os tais pecados e condenações ao inferno ao mesmo tempo que sentia desejo pela vivencia, pelo acolhimento espiritual, que de uma certa forma eu considerava fantasia e utopia – ou seja, a volta da crença pela tal da sobrevivência com questões do tipo “Pra que viver neste mundo se for só isso? Se o mundo é tão terrível e competitivo, pra que então existir? A morte seria bem-vinda então? Se sim, estaria eu livre dos problemas e dos sofrimentos?
Percebem, é muito bom acreditar que existe algo a mais. Na verdade, é tentador! No entanto, porque é tão difícil simplesmente acreditar?
Sempre convivi com pessoas que se diziam médiuns e quantas vezes já não senti sensações estranhas das quais não conseguia explicar! Mas racionalmente a racionalidade me trazia para o conceito de condicionamento ou mesmo para a questão da tal da sobrevivência em se tratando de reações neuroquímicas ativadas com função de luta e fuga, pois ali eu já tinha uma desconfiança de que talvez não estivéssemos sozinhos, ainda mais com o conceito de maus espíritos. E quantas vezes também não duvidei – “Ahhh isso é tudo farsa!”. Mas em situações de conflitos ou desesperança lá estava eu apelando para as forças invisíveis que há pouco havia duvidado e mesmo assim após um tempo lá estavam as respostas para o meu apelo se encaixando como quebra cabeça e mais uma vez a dúvida – “É, talvez tenha sido só coincidência”.
Segui neste mar conflituoso ciência X espiritualidade por muitos anos, então me vi drenada, sem energia, sem animo, com dores em todas as partes do meu corpo, praticamente inerte precisando de alguém (no caso meu querido marido) pra me dar um ponta pé, quase literalmente, para que eu conseguisse sair da cama e encarar a vida. Fiz uso de antidepressivos na esperança de estar deprimida, pois afinal se fosse apena doença física um remedinho curaria. Melhorou, mas não passou – “Como? A família estava ótima, as finanças ótimas, os amigos presentes... como? O que faltava?”
Hoje entendo que a doença física manifestada era fruto da negligencia espiritual que eu vinha negando e adiando. Felizmente descobri isso da melhor forma possível através da medicina do caminho verde. O acesso, como aconteceu? A espiritualidade sempre dando um jeitinho... um sonho aqui, outro ali... uma amiga maravilhosa que entrou no meu caminho e que já trilhava sua própria jornada... o acolhimento do dirigente espiritual com o coração e a alma gigantesca, que sem titubear se propôs a me acompanhar em meu desenvolvimento e senti vibrar junto de empolgação... e lógico, o empurrão da espiritualidade com a frase que ecoa todos os dias na minha cabeça – “Acorda! Você está atrasada”.
Bom... ao fazer o uso da medicina, pedi a essa desconhecida força que me apresentasse a verdadeira realidade, que me curasse e se possível, resgatasse a fé que nunca tive, aliás nem sabia o que era. E da forma mais bondosa e caridosa, ela me envolveu como uma mãe envolve o filho em dias de febre, me acalentou o coração e me mostrou o que eu precisava enxergar – como na passagem bíblica “ver para crer”.
E eu acreditei, naquele momento, mas logo me vi desacreditando, colocando em cheque tudo o que ouvi, vi e senti. Como poderia? Mas como não poderia se entrei em contato com guardiões que eu nunca havia tido contato antes nem por literatura? Não cabia duvidar mais, e um sentimento começou a brotar de dentro pra fora contrariando toda a ciência que eu tinha domínio. Fé, esse era o nome para o que eu sentia. Foi então que eu percebi que o plano espiritual também deve seguir princípios básicos.
Com muita reflexão, tenho entendido a fé como um mistério divino, de difícil explicação para os que sentem, imagine então para os que não creem. Pois é, muito bati cabeça tentando definir sem conseguir. Hoje entendo que a fé é um dos princípios básicos para a vivência da espiritualidade, sem ela os portais estão fechados. Ela é a chave de todas as possibilidades.
A ciência dirá que sou maluca, que a fé é uma palavra qualquer para definir um conjunto de regras e auto-regras que justificam padrões específicos de comportamento em relações contiguas como passar embaixo de uma escada e obter azar por exemplo. Mas eu concluo que a fé, como chave de portais, é a crença genuína das manifestações do divino, uma centelha. Ou seja, a fé é assumir sua posição divina no mundo material e acreditar, ou melhor, vivenciar o proposito de vida que faz de nós únicos neste planeta com milhões de seres pensantes e não pensantes. Fé é confiança, é caminho.
Outro fator que talvez possa ser considerado um princípio básico trata-se da misericórdia. Tenho entrado em contato com este sentimento, não necessariamente de forma amena – as vezes os processos são bem dolorosos – viram a gente dos avessos.
Muito já ouvimos falar em misericórdia, mas raramente conseguimos praticá-la e, apenas fazendo uma observação, o mundo como um todo está muito alheio e insensível aos seus pares para conseguir vivenciar um sentimento tão grandioso como este. Longe da verdade, venho entendendo a misericórdia como o ato de colocar-se no lugar do outro e/ou de si próprio despido de julgamentos e dotado da compreensão necessária que levam a um outro princípio básico, o perdão.
Vejam que não importa qual o sujeito da ação, se o próprio individuo com seus próprios julgamentos e autopunições ou o outro dos quais tendemos a julgar e sentenciar. O perdão é um princípio chave no caminho espiritual, mas de difícil definição, pois em essência ele deve ser sentido e por ter de ser sentido intensamente, é de difícil pratica tanto para si quanto para o outro.
Mas então como estou tentando definir afim apenas para comunicar minha vivência e não para provar nada, afinal a espiritualidade não precisa de provas, isso é uma necessidade humana terrena, o perdão por sua vez, não é o mero esquecimento das magoas e más ações vividas. O Perdão é a aceitação genuína dos fatos/eventos a partir da compreensão dos fatores que levaram à determinada situação. Este movimento só é possível através da misericórdia seguida da fé sobre seu propósito. O perdão leva ao estado de desprendimento dos males vividos do qual os únicos resquícios evidenciados são as valiosas lições aprendidas. É o reestart, é a nova chance com total isenção de desconfiança ou arbitrariedades. Resumindo, perdão é livramento à todas as partes envolvidas.
Ahh e a depressão citada anteriormente? Já não existe mais; só me resta a vontade de viver uma vida bem vivida!!!
Entendendo a missão de servir.