terça-feira, 17 de março de 2020

OGUM


 Ogum, orixá oriundo da mitologia iorubá, é muito mais do que regente dos caminhos e aplicador de lei. Sua vasta atuação encontra terreno fértil em diversos cultos para semear o caminho de guerreiro no coração de seus devotos e admiradores. Desde a sua adoração em cultos antigos até o presente momento de evolução, dificilmente aparece dissociado de sua espada e escudo. Relacionado à forja do ferro e à guerra, irmão de Exu e Oxóssi, é o senhor das próprias armas e caminhos, exalando postura tradicionalmente marcial e isenta de temores ou covardias.

Ogum é a representação da própria força em equilíbrio com a inteligência, estratégico e destemido, corajoso e voraz pelo domínio de si próprio. Sua vibração está ligada, por motivos culturais, ao poder de libertação e proteção que essa manifestação divina é capaz de conceder a quem tem fé, simbolizadas pelos já citados escudo e espada ou lança. Sincretizado com São Jorge e também com Santo Antônio, está sempre relacionado à batalhas e vitória sobre demandas, à escolta e ronda na luz e ao serviço devocional dos filhos de fé.

Seu sincretismo com São Jorge exibe simbologia bastante pertinente ao posicioná-lo em domínio de seu cavalo com suas armas na mão. Acontece que o cavalo é associado, na psique humana, aos sentidos e impulsos animais do homem. O cavalo, quando cavalgando na escuridão, tem a visão noturna muito mais aguçada que o homem mas, quando a luz irradia, é o homem quem enxerga melhor do que o cavalo e assim o domina. Por esse motivo, São Jorge faz também sua morada na Lua, sendo a faceta que reflete a luz do Grande Sol e ilumina a terra em sua faceta de escuridão. O mesmo acontece com aquele que se irradia sob a luz desse orixá e é igualmente valente o suficiente para ser conduzido por Ele pelas encruzilhadas e caminhos internos a fim de vencer os próprios impulsos de baixa frequência.

Ao se trabalhar na vibração de Ogum, somos chamados a atender uma guerra interna que pode se manifestar sob diversos prismas e que tem por fim aumentar nosso grau de elevação sob nossas limitações espirituais, materiais, mentais e emocionais. Ogum conduz sempre à vitória pois está amparado no Pai Maior e nos traz, ao mesmo tempo, sensação de coragem e fé que nos impulsiona para tais batalhas sem medo e com garantia de sucesso de nossa luz sob as trevas.

Antes mesmo de lutar, Ogum já venceu. E assim são também seus filhos e protegidos, livres de receios e amparados pela luz. Batalham com coração, mente e olhar fixos nos princípios divinos e com fé e convicção de que, no fundo, não há derrotas a serem temidas para quem age de acordo com a lei do Criador. Ogum é a manifestação maior do Guerreiro que venceu a maior de todas as demandas – sua natureza e impulsos egóicos - e, por consequência, assim derruba todas os outras juntas através da servidão prestada junto ao Pai Divino.


OGUM - ARCANO VII - A CARRUAGEM


O Carro no tarot mitológico



INTRODUÇÃO


O tarot, representando aspectos e faces da jornada espiritual e humana, relaciona-se diretamente com forças e necessidades que foram contempladas pelo culto aos orixás e que, nós, como caminhantes do polimatismo, podemos absorver de forma mais ampla, a fim de compreender melhor as partes do todo. Seguindo esse raciocínio, podemos entender que o arquétipo do orixá Ogum e do arcano VII do tarot, o Carro ou Carruagem, estão relacionados e cruzados em diversas formas, dentro das simbologias apresentadas em ambos. Explanaremos a seguir como se relacionam a lâmina e Orixá Guerreiro, a fim de entender como os aspectos dessa fase da jornada estão refletindo suas semelhanças e possuem a mesma fonte divina.Primeiramente, faz-se necessário entender os elementos que permeiam a carta em si, e de que forma elas se relacionam com a força do arquétipo de guerreiro, denotando batalha, vitória, triunfo, movimento, ação, determinação, domínio, etc.
O Triunfo de Marco Aurelio
O TRIUNFO
Palavras-chave: vitória, triunfo, marte, guerra, roma
O triunfo, (em latim triumphus) é uma cerimonia e tradição civil e religiosa que tem origem na Roma antiga. Nesse rito, era dado o direito a um líder militar vitorioso em batalha que desfilasse em uma carruagem por uma procissão, a fim de apresentar sacrifício aos deuses e mostrar-se ganhador perante a população. Para ser um vir triumphalis (homem do triunfo), era preciso enviar uma solicitação e um relatório ao senado. O desfile triunfal colocava o vir triumphalis quase em pé de igualdade a um semideus, e era concedido apenas por mérito militar excepcional. A rota do triunfo romano tinha origem no Campo de Marte (planeta regente de Ogum e deus romano relacionado à guerra e à agricultura), uma zona pública bastante populosa do império. Apesar do caráter de homenagem e exibição do general bem sucedido, ele costumava se portar com humildade e prostrar-se perante às divindades, reconhecendo sua vitória em nome do senado, do povo e dos deuses de Roma, levando sacrifícios animais à estes. O triunfo romano é uma vívida materialização da lâmina analisada, como podemos observar nas imagens abaixo.

O Triunfo de Aemilius Paulus (Carle Vernet)


ARQUÉTIPO DE OGUM NA LÂMINA
Palavras-chave: ferro, tecnologia, armas, militarismo
O arquétipo do orixá Ogum é, necessariamente, de um guerreiro triunfante. O deus de origem yorubá é o senhor dos caminhos, das armas, das demandas, da guerra e agricultura. O militarismo, a espada, as batalhas e as vitórias estão todas relacionadas a ele. O desenvolvimento tecnológico também é creditado a esse deus, pois ele regeu a saída da humanidade da pré-história para a Idade do Ferro, momento no qual o homem obteve domínio sobre técnicas de fundição do ferro e sua utilização para ferramentas e armas, marcando assim o início de uma nova era para a humanidade. Atualmente, dentro da renovação do culto aos orixás e novas tradições, temos Ogum relacionado à guerra interna dos caminhantes espirituais que precisam vencer a si mesmos. Dessa forma encontramos seu sincretismo com São Jorge, soldado romano comumente visto em suas imagens montado em um cavalo e triunfante sobre um dragão. O cavalo de São Jorge significa os impulsos inferiores do homem que precisam ser dominados a fim de acessar a grande vitória sobre si próprio. O cavalo de Ogum, portanto, está presente na Carta e trataremos mais detalhadamente a respeito do animal em tópico próprio.

A CARRUAGEM
Palavras-chave: domínio, movimento, ação, deslocamento, determinação
Batalha de Kurukshetra

A carruagem, também conhecida como carro, representa movimento e ação. Montada em cima de rodas, nos da a idéia de deslocamento de um ponto a outro. Vista em cenários de batalhas, está presente na Guerra de Kurukshetra. Nessa batalha, Krishna e Arjuna se encontram em uma quádriga - considerada a carruagem dos deuses e heróis - e vão em direção à vitória. Na quádriga, encontramos hasteada a bandeira de Hanuman, fazendo alusão à invencibilidade. A carruagem no tarot, dominada por seu dirigente, representado com vestimentas nobres, com adornos, coroa e cetro, nos remonta à determinação e domínio. Assim como São Jorge domina seu cavalo, aquele que tomar as rédeas da própria carruagem e governar seus cavalos irá se dirigir impreterivelmente a ganhar. É a execução tomada após uma decisão, com pulso firme e júbilo, ao mesmo tempo em que é um desfile de um vencedor que já obteve sucesso. Esse é o simbolismo do invencível, do guerreiro corajoso e destemido.

O CAVALO
A medicina do cavalo é muito ampla. Tanto no arcano como no arquétipo de Ogum, ele representa a natureza inferior do homem, seus sentidos, suas forças inconscientes e o fim da desgovernança de si próprio quando enfim dominado. Ainda, é um animal que, junto com o resto da simbologia, nos remete à movimento, locomoção, caminhos, desenvolvimento e ação. É onde os guerreiros montam para irem à batalha. Não obstante, exala beleza e imponência, é um animal forte e veloz, que traz abertura de passagens e transição. Quando o homem domou o cavalo, a velocidade das viagens, antes lentas e pesarosas, tornou-se mais rápida, dinâmica e menos trabalhosa, pois agora o cavalo também carregava cargas. Isso proporcionou um avanço imenso no desenvolvimento da humanidade. Na antiguidade, possuir esses equinos era símbolo maior do poder bélico de um exército. Aquele que possuísse uma carro de guerra guiado por eles obtinha uma enorme vantagem sob seus rivais.

CONCLUSÃO
O arquétipo do tarot e a força do Orixá se convergem em vários pontos. Ambos são figuras masculinas nobres, dominadores de cavalos, direcionadores de caminhos vitoriosos e trazem a figura do invencível, do guerreiro obstinado, da determinação em movimento, do triunfante. Ação e velocidade. Nem a carruagem e nem Ogum perdem tempo naquilo que não interessa na batalha.
O Carro no tarot de Marselha

O Carro em tarôs clássicos: Jacques Vieville (1650)  Jean Noblet (1650),  Nicolas Convert (1760) e  François Tourcaty (1800)

Por: Beatriz Mazzini


REFERENCIAS

segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

Mahāśivarātrī

 
Mahāśivarātrī é a noite de adoração do Senhor Shiva, que ocorre na 14ª noite de lua nova, durante a noite escura do mês de Phalguna. Cai numa noite sem lua de fevereiro, quando se oferece uma oração especial ao senhor da destruição. O Shivratri ("ratri" em sânscrito significa 'noite') é a noite quando o Tandava Nritya dançou a dança da Criação, preservação e destruição. O festival é observado durante um dia e uma noite.

De acordo com os Puranas, durante a grande mítica mistura do oceano, chamado Samudra Manthan, de onde um pote de veneno emergiu do oceano – o que havia horrorizado os deuses e demônios pois tinha o poder de destruir o mundo inteiro.

Quando eles correram para Shiva para pedir ajuda, Shiva bebeu o veneno mortal para proteger o mundo, segurando-o na sua garganta em vez de engoli-lo. Isto se transformou na sua conhecida garganta azul, e desde então ele veio a ser conhecido também como "Nilkantha", aquele possuidor da garganta azul.

O Shivaratri celebra este acontecimento porque Shiva salvou o mundo da destruição.O símbolo que representa Shiva é chamado de Lingam. Normalmente é feito de granito, pedra sabão, quartzo, mármore ou metal.

Se acredita que qualquer um que profere o nome de Shiva durante Shivaratri com devoção pura é libertado de todos seus pecados. E assim, alcançando a morada de Shiva e liberado do ciclo de nascimento e morte.

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Satsaṅga à Śrī Śiva -Templo Polimata Jundiaí



PROGRAMAÇÃO E INSCRIÇÕES:

terça-feira, 26 de novembro de 2019

A LENDA DE OBALUAÊ

























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Conta-nos o itan mais famoso de Obaluaê, em uma de suas versões, que Nanã estava ávida para gerar um filho. Dessa forma, para realizar seu intento, enfeitiçou Oxalá para que este se deitasse com ela e pudesse engravidá-la, realizando seu desejo. Ocorreu, porém, que sua mironga não passou desapercebida durante a concepção e Nanã, ao dar a luz ao filho gerado, se deparou com um bebê coberto por chagas e feridas repugnantes. Arrependida, resolveu abandoná-lo na beira da praia, local onde Yemanjá posteriormente o encontrou. Compadecida e maternal, a Sereia cuidou do garoto até que Obaluaê crescesse.

Um belo dia, em uma festa onde todos os orixás se encontravam presentes, Ogum notou que Obaluaê apenas espreitava as festividades pelo lado de fora, envergonhado de sua aparência doente e purulenta. O cavaleiro, então penalizado pelo isolamento do orixá, vai buscar palhas para cobrir seu corpo. Obaluae aceita então participar da dança dos orixás com a condição de as palhas esconderem seu real aspecto, conseguindo assim entrar no baile. Todos os orixás sabiam de sua condição, de modo que também não se aproximavam, com exceção de uma Yabá.

Iansã, Senhora dos Ventos e muito impetuosa, ao compreender o que se passava, tirou o orixá para dançar e o colocou no meio de um vendaval, fazendo com que todas as palhas que cobriam seu corpo voassem pelo salão e suas feridas se descolassem de seu corpo, transformando-as em pipocas que caíam por cima de todos.

Ao ficar descoberto e totalmente curado de sua condição, descobriu-se por fim que Obaluaê era extremamente bonito e encantador, sendo, na verdade, o mais bonito de todos os orixás. Em sua infinita humildade, Obaluaê recolheu novamente suas palhas para se recobrir, escondendo sua beleza do mundo para  ser reconhecido apenas como curador.

A lenda de Obaluaê é uma das mais bonitas lições que os orixás vêm nos ensinar e está recheada de alusões. A atitude inicial de Nanã e o nascimento de seu filho doente já nos demonstra que toda ação kármica gera um fruto podre, assim como sua atitude egoísta gerou um bebê doente. Ela ainda representa, nesse itan, nosso aspecto psicológico de rejeição das nossas sombras e das consequências dos nossos plantios como seres que resolvem, por vezes, rejeitar a maternidade de tudo aquilo que fizemos e acreditamos ser feio. Isso não significa, no entanto, que tudo está perdido. Não à toa, Nanã abandona seu filho na beira do mar, isso é, aos pés da Mãe Divina, que sabe cuidar de aspectos que nós ainda não temos nem condição de aceitar. Também, não é por acaso que Obaluaê se deixa ser visto por Ogum, o vencedor de todas as demandas. Em sua imensa misericórdia, ele o coloca próximo aos orixás sem que haja uma exposição dolorosa de seus defeitos ou humilhação, nos ensinando que o intuito do Pai Divino, nesse momento em forma de Ogum, não é nos ridicularizar mas, sim, nos acolher e nos aceitar do modo que nos apresentamos, ainda que no baile todos soubessem do real motivo que escondia Obaluae debaixo das palhas. Quantas vezes nós também nos apresentamos no bailado da vida com máscaras para esconder quem verdadeiramente somos? Inicialmente, esse é o sentido das palhas que mais tarde se tornarão a caracteristica física mais conhecida do orixá.

Iansã, por sua vez, aparece aqui como mais um aspecto da Mãe Divina, dessa vez  como vendaval de Axé, sendo como o caminhar espiritual que pode, por vezes, expor nossas falhas e defeitos e derrubar nossas máscaras mas que, ao final, existe para revelar nossa verdadeira beleza e nos trazer a mais completa cura. A atitude final de Obaluaê revela o mais alto grau de iluminação do curador, aquele que abre mão de seu ego para exercer compaixão perante às chagas alheias. As palhas aqui representam agora a humildade de quem alcançou uma compreensão plena de sua missão enquanto médico espiritual. Por sua humildade, está diretamente ligado à linha de pretos velhos dentro da umbanda, conhecidos por serem também exímios curadores e seres de muita luz e alto grau de evolução. As pipocas, por fim, nos remetem ao processo de transformação revelado pelo fogo, que gera a pipoca através do estouro do milho, assim como a doença gera cura e a dor vira luz pelo fogo divino.

Dentro do polimatismo, Obaluae pode, em sua vibração, trabalhar em tudo aquilo que se considera doença e precisa do reestabelecimento de um estado curado. Mas, afinal, o que é cura e saúde? Existem inúmeros conceitos diferentes do que são essas condições. Para os pajés, por exemplo, toda doença é um espírito e, para curar, é necessário tirar esse espírito. Para a ayurveda, a medicina indiana tradicional, a ausência de doenças ainda não é significado de saúde, necessitando que haja algo além disso, como equilibrio, bem estar e até mesmo fé e conexão espiritual. A OMS também entende dessa forma, trazendo esse conceito como  "um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não consiste apenas na ausência de doença ou de enfermidade." 

Sendo assim, podemos buscar dentro da nossa evolução, com o auxílio misericordioso de Obaluaê em sua simplicidade e humildade, a cura de nossas doenças e o reestabelecimento de nossa saúde e todas as nuances que esse estado engloba.  Para isso, faz-se necessário ir muito além da compreensão de cura como mera questão de retirada de causas e sintomas. A vibração desse orixá pode nos auxiliar no reestabelecimento da saúde como um estado natural de equílbrio e bem viver através da superação das nossas limitações egóicas para que as doenças não surjam e também não retornem.

Atotô!!

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Ritual de Louvor aos Orixás / Obaluê -Templo Polimata Jundiaí





PROGRAMAÇÃO E INSCRIÇÕES:

domingo, 10 de novembro de 2019

Śrī Viṣṇu

Todas as Glórias à Śrī Guru Mahārāja Ācārya Mahāsūrya Paṇḍita Svāmī!
Todas as Glórias à Śrī Mahādeva!
Todas as Glórias à Śrī Bhagavān!
Todas as Glórias à Śrī Śakti Devī!
Todas as Glórias à Śrī Śrī Viṣṇu! 

Śrī Viṣṇu

Neste mês de novembro, nos Templos Polimatas, celebraremos Satsaṅgas à aquele que repousa nas águas do oceano causal: Śrī Viṣṇu.


Dentro do que é considerado popularmente como a principal trindade dentro do hinduísmo, junto Śrī Brahmā a Śrī Śiva, Śrī Viṣṇu cumpre o papel de mantenedor, aquele que traz o equilíbrio à criação. Śrī Brahmā a Śrī Śiva, respectivamente, cumprem os papeis de criador e transformador.

Śrī Viṣṇu é conhecido, dentre suas infinitas qualidades, como aquele que tudo permeia e tudo sustenta. As suas montarias (Vāhana)  são Śeṣa, o rei das serpentes, um dos seres primordiais da criação, e Garuḍa, rei dos pássaros e protetor do Dharma.

Sua consorte é Śrī Lakṣmī, deusa da riqueza, da prosperidade e da beleza. Ela é a fonte das oito opulências do Śrī Viṣṇu. Nas ocasiões em que Śrī Viṣṇu encarna enquanto Śrī Rāma e Śrī Kṛṣṇa, Śrī Lakṣmī também encarna enquanto sua consorte, sendo  Śrī  Sita e Śrī Rādhā respectivamente.


Śrī Viṣṇu  e Śrī Lakṣmī sobre o oceano causal

Enquanto mantenedor do universo, Śrī Viṣṇu encarna (enquanto um avatara, aquele que desce) de tempos em tempos para reestabelecer o equilíbrio da criação. Conforme descrito na Bhagavad Gita:


यदा यदा हि धर्मस्य ग्लानिर्भवति भारत  
अभ्युत्थानमधर्मस्य तदात्मानं सृजाम्यहम् ॥७॥ 

yadā yadā hi dharmasya glāniḥ bhavati bhārata 
abhyutthānam adharmasya tadā ātmānam sṛjāmi aham  7 

“Sempre e onde quer que haja um declínio na prática religiosa, ó descendente de Bharata, e uma ascensão predominante da irreligião – aí, então, Eu próprio faço Meu advento.”

 
De diversas listas dos daśāvatāras (dez principais encarnações de Śrī Viṣṇu), pode-se destacar abaixo a mais famosa:

1.    Matsya (satya yuga) – o peixe;
2.    Kūrma (satya yuga) – a tartaruga;
3.    Varāha (satya yuga) – o javali;
4.    Nṛsiṃha (satya yuga) – o homem-leão;
5.    Vāmana (tretā yuga) – o anão;
6.    Paraśurāma (tretā yuga) – o brāhmaṇa-kṣatriya;
7.    Rāma (tretā yuga) – o rei virtuoso;
8.    Kṛṣṇa (dvāpara yuga) – o Todo-Atraente, que dispensa apresentações;
9.    A. Balarāma (dvāpara yuga) – poderoso guerreiro, irmão de ŚrīKṛṣṇa
9.    B. Buddha (kali yuga) – dependendo da tradição estudada, considera-se Gautama Śākyamuni como uma das encarnações do Senhor Viṣṇu;
10.  Kalki (kali yuga) – uma encarnação futura, que descerá ao nosso plano ao final da presente era, marcando o retorno cíclico à Satya Yuga.

Além dos avatares descritos nesta lista, há ainda outros, como Śrī Kṛṣṇa Caitanya Mahāprabhu, o preceptor do vaishnavismo gaudiya, e Śrī Vēṅkaṭēśvara, o senhor de Venkata, uma montanha localizada do sudeste da Índia, região onde Ele é cultuado sob essa forma.

Śrī Vēṅkaṭēśvara


Invocações mântricas 

गायत्री
gāyatrī

ॐ नारायणाय विद्महे
वासुदेवाय धीमहि ।
तन्नो विष्णुः प्रचोदयात् ॥
oṃ nārāyaṇāya vidmahe
vāsudevāya dhīmahi 
tanno viṣṇuḥ pracodayāt 
“Contemplamos Aquele que repousa sobre as águas da criação,
Meditamos n’Aquele que é o Senhor de Todos os Seres.
Reverenciamo-nos ao Onipenetrante, para que nos ilumine com sabedoria.”

द्वादशनो महामन्त्र
dvādaśano mahāmantra (“grande mantra de doze sílabas”)

ॐ नमो भगवते वासुदेवाय
oṃ namo bhagavate vāsudevāya
Reverências ao Senhor Supremo, Senhor de todos os seres.


Nossos satsaṅgas com Ayahuasca à Śrī Viṣṇu se darão nos próximos sábados nos Templos Polimatas. Siga a programação dos eventos na Agenda Polimata.

Minhas mais humildes e sinceras reverências,
Filipe Uveda

Mais uma vez, especiais agradecimentos a nosso querido irmão Yuri D. Wolf pelo auxílio na transmissão destes conhecimentos.

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Satsaṅg à Śrī Viṣṇu  -Templo Polimata Jundiaí


PROGRAMAÇÃO E INSCRIÇÕES:

quinta-feira, 24 de outubro de 2019

RITUAL XAMÂNICO COM A TRIBO SHAWÃDAWA


Ritual Xamânico / Pajelança Shawãdawa com Nazinho Tetepawã Shawã e Ana Shawã
Templo Polimata Jundiaí

É com imensa honra que neste mês receberemos mais 2 irmãos da respeitada tribo Arara Shawãdawa, representados por Nazinho Tetepawã Shawã e sua esposa Ana Shawã.

O casal irá realizar a pajelança, seguindo as raízes de sua tradição, com a consagração da medicina ayahuasca, com rodas de rapé, sananga e o ritual de kambô realizado sempre aos domingos de manhã após os rituais.

Haux haux haux!

PROGRAMAÇÃO E INSCRIÇÕES:

quarta-feira, 16 de outubro de 2019

OXUM, A RAINHA DAS ÁGUAS DOCES


Divindade dos rios e cachoeiras, exerce seu poder nas águas doces, recebeu esse nome por conta do Rio Oxum que corre na Nigéria, em Ijexá e Ijebu. Essa Yabá é muito bela, vaidosa e sedutora, foi a segunda esposa de Xangô onde com ele viveu um grande amor.

Na África Oxum é muito associada a prosperidade, muitas músicas e lendas demonstram seu amor pelo cobre, o metal mais precioso do país Iorubá nos tempos antigos. E assim como os rios abundantes ela traz essa energia prospera em nossas vidas quando cultuada.

Oxum também está associada ao amor, a mãe afetuosa que ampara seus filhos nos momentos de aflição. Em nós ela trabalha muito bem as emoções, seus fluidos aquáticos mexem facilmente com os nossos sentimentos, limpando tudo aquilo que nos sufoca e purificando-nos para novas etapas de nossas vidas. Quem se distancia da energia dessa Orixá costuma a ficar frio e sem sentimentos.

Oxum nos ensina que a lagrima é o remédio mais eficaz para purificar o nosso espirito de energias densas, é através das lagrimas que liberamos as emoções de magoas, angustias e raiva e só depois desse processo de cura que conseguimos retomar nossa caminhada.

Ela representa a feminilidade, o empoderamento feminino, a autoestima, o amor próprio, ensina seus filhos a se amarem e se aceitarem como pessoas, a cuidarem bem de si em todos os aspectos: físico, emocional e espiritual. Oxum gosta das coisas limpas, bonitas, elegantes e equilibradas.

Rainha das águas doces, controla toda a parte criadora, sem a água doce não existiria vida no planeta. Ela também controla a fecundidade, as mulheres que desejam ter filhos dirigem-se a ela e sempre são atendidas com sua generosidade.

Ponto de Força das Cachoeiras
Mamãe Oxum rege o importante ponto de força das cachoeiras. Os pontos de forças são locais na natureza que possuem a mais pura vibração do Orixá, são considerados santuários naturais. Quando a pessoa adentra nas cachoeiras, pode sentir a vibração e força das águas, limpando e purificando, trazendo a energia do amor e da prosperidade. Os fluidos vão harmonizando todo o ser e quando a pessoa se despede da cachoeira geralmente sente-se renovado.

Itan: Oxum faz as mulheres estéreis em represálias aos homensQuando todos os Orixás chegaram a terra, organizaram reuniões onde as mulheres não eram admitidas.Oxum ficou aborrecida por ser posta de lado e não poder participar de todas as deliberações. Para se vingar, tornou as mulheres estéreis e impediu que as atividades desenvolvidas pelos deuses chegassem a resultados favoráveis.Desesperados, os orixás dirigiram-se a Olodumaré e explicaram-lhe que as coisas iam mal sobre a terra, apesar das decisões que tomavam em suas assembléias. Olodumaré perguntou se Oxum participava das reuniões e os orixás responderam que não. Olodumaré explicou-lhes então que, sem a presença de Oxum e do seu poder sobre a fecundidade, nenhum de seus empreendimentos poderia dar certo.De volta a terra, os Orixás convidaram Oxum para participar de seus trabalhos, o que ela acabou por aceitar depois de muito lhe rogarem. Em seguida, as mulheres tornaram-se fecundas e todos os projetos obtiveram felizes resultados. Oxum é chamada de Ìyálóòde (Iaodê) título conferido à pessoa que ocupa o lugar mais importante entre todas as mulheres da cidade.

Refletindo sobre o Itan, podemos observar que Oxum traz a energia do empoderamento feminino, quando as mulheres foram excluídas das decisões importantes, ela demostra seu poder e sua importância perante a sociedade e conquista seu lugar com grande mérito. Fica claro também a importância das águas em nossas vidas, sem água doce não há vida, a vida não se mantém e não se cria sem as águas, precisamos preservar esse bem tão preciso e respeitar a grandeza desse elemento curador.

v  Cores: Amarelo Ouro
v  Saudação: Ore yè yé o!! (Significa – Chamamos a benevolência da mãe)
v  Dia da semana: Sábado
v  Elementos: Águas doces
v  Símbolos: Leque com espelho (Abebé)
v  Oferendas: Omolocum, Pera, melão, mamão, bananas, joias, flores amarelas.

Ore yè yé o mamãe Oxum!
Minhas mais humildes reverencias!
Juliane Camargo

ReferênciasAs Sete Linhas da Umbanda: A religião dos mistérios – Rubens Saraceni – São Paulo: Ed. Madras, 2017;As Cartas dos Orixás – Celina Fiovarani – São Paulo: Ed. Pensamento, 2009;Mitologia dos Orixás – Reginaldo Prandi – São Paulo: Ed. Companhia das letras, 2001.Notas sobre o culto aos Orixás e Voduns na Bahia de todos os santos, no Brasil e na antiga costa dos escravos, na África – Pierre Verger – tradução: Carlos E.M Moura – São Paulo: Ed. Universidade de São Paulo, 2012;Tarô dos Orixás – Ademir Barbosa Junior – Ed. Anubis, 2015;