segunda-feira, 22 de abril de 2019

HANUMAN JAYANTI

Todas as Glórias à Śrī Guru Mahārājācārya Mahāsūrya Paṇḍita Svāmī!
Todas as Glórias à Śrī Mahādeva
Todas as Glórias à Śrī Bhagavan
Todas as Glórias à Śrī Śakti Devī
Todas as Glórias à Śrī Rāma!
Todas as Glórias à Śrī Śrī Hanuman!


 Śrī Hanuman Śloka

मनोजवं मारुततुल्यवेगं जितेन्द्रियं बुद्धिमतां वरिष्ठ।
वातात्मजं वानरयूथमुख्यं श्रीरामदूतं शरणं प्रपद्ये॥

mano-javaṃ māruta-tulyavegaṃ jitendriyaṃ buddhi-matāṃ variṣṭha 
vātāt-majaṃ vānara-yūtha-mukhyaṃ śrī-rāma-dūtaṃ śaraṇaṃ prapadye 

Inclinando a cabeça, eu saúdo o Senhor Hanuman, que se movimenta rapidamente como a mente e o vento. O Senhor que é o mestre dos próprios órgãos dos sentidos, o mais exaltado dentre os inteligentes, o filho do Deus do Vento (Vāyu) e que é o comandante do ex
ército da tribo dos Vanaras e é também o emissário do Senhor Rāma.

बुद्धिर्बलं यशो धैर्यं निर्भयत्वं अरोगता।
अजाड्यं वाक्पटुत्वं  हनूमत्स्मरणाद्भवेत्॥

buddhir-balaṃ yaśo dhairyaṃ nirbhaya-tvaṃ arogatā 
ajāḍyaṃ vāk-paṭutvaṃ ca hanūmat-smaraṇād-bhavet 

Ó, Hanuman! Trazendo-te em mente, somos abençoados com inteligência, força, fama, firmeza, ausência de medo e de doenças, brilho e eloquência.

आसाद्यसाधकस्वामि आसाद्यं तव किम् वद।
रामदूत कृपासिन्धो मत्कर्यम् सधय प्रभो॥

āsādya-sādhaka-svāmi āsādyaṃ tava kim vada 
rāmadūta kṛpā-sindho matkaryam sadhaya prabho 

Ó Hanuman, fiel devoto do Senhor Rama, capaz de realizar o impossível. O que é impossível para você?! Ó, Oceano de compaixão! Ajude-me a completar minhas tarefas e empreendimentos.

Neste mês de abril, nos Templos Polimatas de Boituva, Mairiporã, Campinas e Jundiaí, celebraremos o auspicioso festival Hanuman Jayanti em nosso Satsaṅga com Ayahuasca. Trata-se do advento (aparecimento) de Śrī Hanuman, o altíssimo deus-macaco do hinduísmo.

Śrī Hanuman é uma Deidade riquíssima e complexa, que possui qualidades bastante diversificadas, as quais permitem-no transcender as divisões sectárias dentre as tradições indianas, fazendo-se presente até em textos budistas e jainistas.

É filho de Śrī Añjanā, uma apsarā, espírito feminino muito virtuoso das nuvens e das águas, o que lhe rende o nome de Āñjaneya. Do lado paterno, tem Kesarī – comandante do exército dos Vānaras, uma raça de símios superdesenvolvidos – como seu benfeitor. Porém, também possui associação junto à Śrī Vāyudeva, o deus do vento, que o trouxe ao ventre de sua mãe, e à Śrī Śiva, do qual é considerado a décima primeira encarnação, por algumas tradições filosóficas.

O Senhor Vāyu, ou Māruta, o vento personificado, combina força e intangibilidade. É eloquente, erudito e um perito na ciência da linguagem, conhecido por guiar grandes almas para o caminho da sabedoria. Tais características manifestam-se igualmente em seu filho, que também é chamado de Vāyuputra (“o filho de Vāyu”), ou Māruti, com o mesmo significado.

Face ao Senhor Śiva, que é, ao mesmo tempo, um e muitos, a relação é baseada em Rudra (“o uivador”), uma personalidade “sombria” de Śrī Mahādeva, retratada com maior enfoque nos Vedas. Faz referência, especificamente, ao seu comando sobre duas raças: os mārutas (espíritos do ar que vagam por todo o espaço acompanhando-o), e os próprios rudras(entidades que emanam do “deus irado”, dotados de forma animal e detentores de grande poder destrutivo, associados ao papel de Śrī Naṭarāja (“o rei da dança”) como “senhor dos bhūtas” – fantasmas).


Desta forma, Śrī Hanuman apresenta-se como um ser polivalente. Em uma passagem do Ṛgveda (10.86), há um diálogo entre o Senhor Indra – senhor da tempestade e rei dos deuses do período védico – e sua consorte, em que é revelada a existência de um "macaco viril", (vṛṣākapi), que teria maculado seu elixir soma – um composto ritualístico enteógeno. Tal macaco é, posteriormente, ligado a uma das onze formas de Śrī Rudra, conforme citado acima, e também tem seu nome citado como um dos mil e oito nomes de ŚrīViṣṇu.

Outro exemplo de sua multiplicidade é o fato de que seu nome pode ser interpretado de duas maneiras diferentes.

Na etimologia sânscrita, o nome Hanumān é composto por dois termos,hanu + mān. A primeira interpretação pode ser livremente traduzida como “Aquele que possui (mān) a mandíbula proeminente, desfigurada (hanu)”, evocando-o como um ser de capacidades fenomenais e caráter heróico: umvīra.

Para tal, considera-se, principalmente, o famoso episódio em que nosso herói, ainda criança, foi duramente golpeado por um raio vindo do Senhor Indra, enquanto tentava abocanhar Śrī Sūryadeva, o Sol, ao confundi-lo com uma manga, e que posteriormente se tornaria seu guru.

Dentro da cultura vasta hindu, tal aspecto da personalidade de Śrī Mahāvīra (“o grande herói”), pode ser enquadrado na perspectiva śivaíta, enquanto uma encarnação (ou porção, ”aṃśa”) do próprio Senhor Rudra (rudrātmaka), que manifesta a qualidade śakti (“energia”, “potência”) através de seus poderes ióguicos, de suas habilidades com ervas e de seus atributos vorazes de guerreiro invencível.

A segunda interpretação, menos comum, ainda que também etimologicamente menos precisa, se faz igualmente apropriada. Assim,
traduz livremente seu nome como “Aquele cujo orgulho próprio (māna) foi destruído (han)”, e retrata, principalmente, seu serviço devocional altruísta e despretensioso aos pés de Śrī Sītārāma.

Esta personalidade de Śrī Rāmadūta (“o embaixador do Senhor Rāma”) também posiciona-o como uma manifestação de Śrī Mahādeva, com as mesmas qualidades, porém sob a perspectiva vaiṣṇava, mais difundida no ocidente, manifestando, principalmente, a qualidade de servo: dāsa.

Assim, é através desta ótica vaiṣṇava, que o Rāmāyaṇa, um dos mais famosos épicos da cultura hindu,  apresenta nosso herói: uma encarnação de Śrī Śiva que manifesta-se na Terra durante o período de Śrī Rāma – a sétima encarnação de Śrī Viṣṇu – para auxiliá-lo em suas tarefas.

Portanto, manifestação do Senhor Hanumān em nosso planeta tem sua origem em Śrī Śiva, que também é conhecido como Mahāyogin (“o grande meditador”), sendo assim a fonte universal do Yoga, o mais influente fenômeno cósmico. Em suas meditações, está usualmente absorto em rāma-nāma (“o nome de Rāma”), um dos mantras mais elevados de toda a existência, composto por somente uma palavra: “rāma”, cujo significado pode ser livremente traduzido como esplendor, regozijo, alegria e/ou beleza.

Na língua sânscrita, a força dos mantras reside na potência sutil por detrás de cada letra, que carrega uma fonte de luz específica, manifestando em nossa dimensão um poder cósmico de transformação transcendental imanifesto, usualmente imperceptível à nossa consciência limitada.

Assim, de acordo com o famoso poeta Gosvāmī Tulasīdāsa, autor do Śrī Rāmacaritamānasa (outra famosa versão do épico que narra a passagem do Senhor Rāma por este plano), o mantra rāma é composto pelas seguintes letras:

-       “ra”: representa Agni (o fogo), fonte de luz na Terra. Tem a propriedade de queimar os frutos da ação, tanto positivos quanto negativos. No microcosmos do corpo humano, é responsável pelos processos de transformação (metabolismo), revigorando corpo e mente;
-        “aa”: representa Sūrya (o sol), fonte de luz no Cosmos. Extingue a escuridão da ignorância e demais qualidades negativas derivadas como o egoísmo, o medo, o apego e a aversão.
-        “ma”: associada com o coração, representa Candra (a lua), que esvaece a dor, pertinente tanto ao corpo físico quanto ao ambiente (como dificuldades ambientais ou desastres naturais).

Desta forma, a entoação do rāma-nāma é capaz de dissipar todo o sofrimento, o que lhe concede o título de Mantrarāja, o “rei dos mantras”. Isso demonstra a profunda relação de afeto entre Śrī Viṣṇu e Śrī Śiva, conforme um verso muito popular exprime, “Śiva é o coração de Viṣṇu e Viṣṇu é o coração de Śiva”:

शिवस्य हृदयं विष्णुर्विष्णोश्च हृदयं शिवः

śivasya hṛdayaṃ viṣṇurviṣṇośca hṛdayaṃ śivaḥ

Logo, quando Śrī Bhagavān realiza a necessidade de sua descida em nosso planeta personificando a simplicidade do cumprimento dos deveres dhármicos como Śrī Rāma, Śrī Bholenātha (“o senhor das pessoas simples/dos inocentes”, Śrī Śiva) decide por acompanha-lo como seu servo.

Para tal, define manifestar-se como um macaco, mantendo-se em forma tecnicamente inferior ao seu senhor, valendo-se também de um estilo de vida mais humilde e simples, sem a observância de regras etárias e de castas inerentes à cultura hindu, evitando distrações oriundas de māyā (a ilusão material) e permitindo o máximo de dedicação ao seu serviço.


Em sua infância já na Terra, nosso herói recebeu inúmeros poderes dos Devas após o episódio envolvendo o Senhor Indra e seu raio, mencionado anteriormente. Neste, Śrī Vāyu recolhe-se em uma caverna com o filho ferido em seus braços, retirando-se da atmosfera e asfixiando o cosmos, demandando retratação por parte de seus colegas celestiais.

Assim, diversas bênçãos foram concedidas ao garoto, cujas principais foram:

de Śrī Brahmā (o senhor da criação): viver tanto quanto ele mesmo, até o final da presente manifestação universal;
- de Śrī Viṣṇu (aquele que está no coração de todos): viver toda a sua vida como o maior devoto de Deus;
de Śrī Indra (o senhor da tempestade, famoso por suas armas): jamais ser ferido por ou tocado por arma alguma;
de Śrī Agni (a personificação do fogo): não ser afetado pelo fogo;
de Śrī Kāla (o senhor do tempo): jamais ser cortejado pela morte;
de todos os Devas: jamais ser igualado em força e velocidade por nenhum outro ser.

Mais adiante, Śrī Yogin (“o meditador”) também conquistou os oito poderes ióguicos, (siddhis) que também o tornam um ícone dentro do misticismo tântrico. São:

1.     Aṇimā: habilidade de reduzir seu tamanho indefinidamente;
2.     Mahima: habilidade de aumentar seu tamanho indefinidamente;
3.     Garima: habilidade de aumentar seu peso indefinidamente;
4.     Laghima: Habilidade de diminuir seu peso indefinidamente;
5.     Prāpti: habilidade de obter qualquer coisa em qualquer lugar;
6.     Prākāmya: habilidade de realizar todos os seus sonhos e desejos;
7.     Iṣiṭva: domínio sobre a toda a criação;
8.     Vaśitva: controle sobre as coisas, especialmente a manifestação física.

Dotado de um temperamento muito travesso, o pequeno Hanuman abusava de seus poderes e importunava os santos que habitavam a floresta. Assim, recebeu uma maldição de Śrī Brahmā que o fez esquecer de seus poderes, só recobrando-os quando mais maduro.

Posteriormente, conheceu Śrī Rāma e Śrī Lakṣmaṇa, quando estes inquiriam a ajuda de Sugrīva, rei dos Vānaras – de quem Śrī Āñjaneya era ministro – para ajuda-lo em sua busca por Śrī Sītā, que havia sido raptada pelo terrível Rāvaṇa, rei da cidade de Laṅkā.


Rāvaṇa era um āsura (demônio) cujas ações hediondas provocaram um grande desequilíbrio cósmico, que demandou a intervenção de Śrī Viṣṇu em nosso plano através de um avatāra (encarnação divina).

Cumprindo seus deveres com absoluta determinação, pleno em amor incondicional, valendo-se de seu discurso perfeito e de seus poderes místicos, encontrou o cativeiro de  Śrī Sītā, ateou fogo na cidade de Laṅkā, guiou o Senhor Rāma e o exército da floresta sobre o oceano por meio de uma ponte mística de pedras flutuantes para o confronto final com Rāvaṇāsura e também salvou o Senhor Lakṣmaṇa da morte certa ao transportar uma montanha inteira dos Himalayas a onde hoje é o Sri Lanka, na região mais ao Sul da Índia.

Após a passagem de Śrī Rāma por este planeta, Śrī Hanumān escolheu manter-se aqui, zelando pelos devotos e se fazendo presente todas as vezes que as glórias de seu senhor forem contadas.

Ademais, de acordo com a tradição mística, aqueles que recebem o auxílio de Śrī Saṅkaṭamocana (“aquele que dissipa o sofrimento”), jamais são derrotados, uma vez que o Todo-Poderoso Macaco Divino é conhecido por nunca ter perdido uma batalha. Assim é, pois serve à Deus e ao Dharma desinteressadamente, sem apegos e desejos do ego, simplesmente porque este é o seu dever.

Como exemplo, temos o caso de Arjuna que, junto à Śrī Kṛṣṇa, protagoniza o enredo da Bhagavad-Gītā, a canção divina que narra uma das maiores guerras já travadas neste planeta: a Batalha de Kurukṣetra. Neste, a quádriga na qual Śrī Kṛṣṇa leva seu primo e devoto Arjuna ostenta triunfante a bandeira de Śrī Pārthadhvajāgrasaṃvāsin (“aquele que está no topo da bandeira de Pārtha” – que um dos nomes de Arjuna), anunciando sua vitória antes mesmo do início do confronto.


ॐ हं हनुमते रुद्रात्मकाय हुं फट्

auṃ haṃ hanumate rudrātmakāya huṃ phaṭ

Em uma livre interpretação: “Ó, Śrī Hanumān, encarnação de Śrī Rudra, clamo pela elevação da mente através do Supremo (haṃ) e pela transmutação imediata (phaṭ) do ego através do Fogo Divino (huṃ)”.

Conta-se que o mantra mencionado acima foi passado pelo próprio Śrī Śiva à Śrī Kṛṣṇa, que o concedeu à Arjuna como sua principal arma na fatídica batalha supracitada.

Detentor de intermináveis qualidades, Śrī Surārcita (“Aquele que é adorado pelos seres celestiais”) é, atualmente, uma das Deidades mais populares da Índia.

Assim, sua polivalência conquista uma sorte devotos bastante variada, que buscam sob sua graça a transcendência de seu sofrimento.

Seu hino mais famoso é o Hanumān Cālīsā, também composto por Gosvāmī Tulasīdāsa, com 44 versos, dentre os quais destaca-se, neste contexto:दुर्गम काज जगत के जेते ।
सुगम अनुग्रह तुम्हरे तेते॥२०॥


durgama kāja jagata ke jete

sugama anugraha tumhare tete 
 20 
"Todas as inalcançáveis tarefas do mundo tornam-se facilmente realizáveis por Sua graça".

É considerado personificação do devoto (bhakta) e do guerreiro perfeitos, símbolo de lealdade, força e perseverança infinitas, representando o sacrifício (tapas) e a castidade (brahmacarya). 


Desta forma, Śrī Tatvajñānaprada (“aquele que concede a sabedoria“) nos ensina que todas as batalhas de nossa caminhada devem ser enfrentadas com amor no coração. Sua mensagem é a de que a vitória já é certa quando lutamos com determinação, e que as dificuldades que surgem em nosso caminho são ferramentas de aprendizado que fortalecem e edificam o nosso Ser.

Por fim, nosso herói, imortal, continua vivo ainda hoje e é aceito por diversos santos, como Satya Sai Baba, como a Deidade presidente (iṣṭadeva), do processo transcendental da consciência nesta Era do Revés, onde imperam baixos padrões éticos e morais (kaliyuga).

Invocações mântricas para o ritual

श्रीहनुमान् गायत्री
śrī hanumān gāyatrī (mantra de invocação)
ॐ आन्जनेयाय विद्महे
वायुपुत्राय धीमहि 
तन्नो हनुमान् प्रचोदयात् 

auṃ ānjaneyāya vidmahe
vāyu-putrāya dhīmahi 
tanno hanumān pracodayāt 
"Contemplamos Aquele que é filho de Añjanā (evocando sua virtudes e sua pureza de espírito).
Meditamos por compreensão n’Aquele que é o filho de Vāyudeva, deus do Vento (evocando seu discurso perfeito e sua inteligência).
Reverenciamo-nos Àquele que possui a mandíbula proeminente/que matou o orgulho próprio (evocando sua força física e devocional), para que nos ilumine com sabedoria".
बीजमन्त्र
bījamantra (mantra de repetição com a sílaba raiz da Deidade)
ॐ हं हनुमते नमः
auṃ haṃ hanumate namaḥ
"Reverencio-me Àquele que tem a mandíbula proeminente/Àquele que destruiu o orgulho próprio"

- Sobre o bīja haṃ: referente ao viśuddhacakra (laríngeo), que comanda a comunicação e a respiração. De força solar, este mantra seminal também trabalha o ego por meio do controle do discurso.
Mais informações e ingressos antecipados no Site da Ordem Polimata.

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Todas as Glórias à Śrī Guru Mahārājācārya Mahāsūrya Paṇḍita Svāmī!
Todas as Glórias à Śrī Rāma!
Todas as Glórias à Śrī Śrī Hanuman!

Minhas mais humildes, sinceras e profundas reverências,

Yuri D. Wolf
सङ्कटमोचन

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