
É notório que a razão sempre se relacionou com esse instrumento, que ostenta estreitamente a força do equilíbrio e da eqüidade, consequências diretas da aplicação da Justiça Divina, e por isso representa com excelência a atuação desse orixá. Cada ação do ser humano, sendo ela kármica ou dhármica, é transformada em uma pedra de peso equivalente e colocada por Xangô no lado correspondente à ação humana, ao passo que uma pedra de igual peso é colocada no outro, representando a reação do universo que mantém o equilíbrio e a paridade no cosmos. Dessa forma, a balança está sempre equilibrada de forma neutra, e as pedras colocadas no lado da atuação reativa divina atingirão aquele ser como um raio.
O raio, também ligado a Ele, da mesma forma como acontece com Iansã, representa uma ação divina fulminante que destrói e transforma ao mesmo tempo, misto de luz e fogo. Ligado a purificação, renovação e consequência divina, a fogueira de Xangô é popularmente lembrada na forma sincrética que o orixá tem no Brasil com São João. Nos meses de junho, são acendidas fogueiras para que, assim como nas festas católicas, esse elemento seja lembrado, louvado e celebrado.
Sua outra ferramenta é o machado de dois gumes, conhecido como Oxê, esse também representando a neutralidade e polaridade das ações humanas e da reação divina. As laminas do Oxê são iguais para os dois lados, o que denota que apesar de Ele ser o grande Senhor da Justiça, não possui a qualidade de julgamento da forma humana como a conhecemos, no sentido de fazer juízos de valor de forma mesquinha. Sendo dessa forma, aqueles irradiados sob sua proteção jamais conhecerão o sabor de sofrer uma injustiça, ainda que isso nao fique claro em todos os momentos da trajetória de um indivíduo, e por esse motivo a fé do filho de Xangô deve permanecer inabalável e, ainda que ele não enxergue todo o desenlace de uma história, deve confiar nos olhos dEle.
Estando dentro do campo vibracional regido por uma lei suprema, o indivíduo terá suas faltas igualmente contabilizadas, pois esse orixá é mestre em ensinar o discernimento e manter seus filhos dentro da linha da evolução. Ele assim o faz demonstrando claramente a consequência de cada ato realizado e que, para ser beneficiário da Justiça, é preciso também se submeter a ela de forma igual, afastando de toda sorte a hipocrisia de cobrar aquilo que não se oferece.

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